Foi realizada nesta noite (27/01) a
terceira mesa de debates sobre o carnaval carioca, no Teatro Sesi Centro.
Sob o tema “O Processo Criativo do
Samba-Enredo”. Luis Carlos Magalhães (pesquisador e mediador do debate), André
Diniz (compositor da Vila Isabel), Álvaro Luiz Caetano (Compositor e
ex-presidente da Mangueira), J. Velloso
(compositor da Beija-Flor), Eri Galvão (ex-julgador de samba-enredo) e Luiz
Carlos Máximo (compositor da Portela) deram uma grande aula
sobre o samba de enredo, que segundo os componentes da mesa é o quesito
principal no julgamento, pois influencia diretamente outros quesitos e pode
definir o campeonato de uma escola. Deste modo foram lembrados o samba do
Salgueiro, de 1993, “Peguei um Ita no Norte” e o da Vila Isabel, de 1988,
“Kizomba - Festa da Raça”, como sendo sambas-enredo que impulsionaram a
vitória destas agremiações tamanha à emoção despertada na avenida.
André Diniz falou da
dificuldade de se fazer um samba quando os enredos não ajudam, citando o caso
do enredo “Mitos e Histórias Entrelaçados Pelos Fios de Cabelo”, da Vila
Isabel, de 2011.
Luiz Carlos Máximo foi o escolhido para falar sobre a quantidade exagerada de
compositores que assinam um único samba. Em sua explicação, Máximo, diz que
isso ocorre porque está cada vez mais caro levar um samba até a final, então
alguns parceiros escrevem e outros patrocinam a disputa. E todos assinam a obra
e ganham os direitos autorais sobre a mesma. Segundo o compositor, sem
dinheiro, a parceria não consegue levar o samba até a final. Disse ainda que a
Portela tem uma das disputas mais baratas, chegando a 60 mil reais (dinheiro
investido pelos compositores para chegar até a final). Quanto a isso, André
Diniz criticou as escolas que fazem disputas grandes, chegando até 15
semanas... Pra o compositor, uma disputa não precisa ser tão grande, isso só
faz com que os compositores gastem cada vez mais dinheiro.
J. Velloso disse que
sua parceria esse ano na Beija-Flor é composta por dez parceiros, fazendo coro
ao custo das disputas.
Eri Galvão comentou
que quando julgava o quesito samba-enredo cantava os sambas em casa,
investigando se a melodia e a letra propiciavam o canto dos componentes,
pois este é um dos pontos que o julgador deve avaliar.
Alvinho comentou
sobre seus sambas vencedores na Mangueira, disse que no seu tempo não existia
sinopse e que os temas dos enredos eram bem mais fáceis para se escrever um
samba. Disse também que se o carnavalesco for inteligente ele deve aceitar as
sugestões dadas pelos compositores nas letras dos sambas-enredo, mesmo se
alguma coisa não estiver dentro do que ele planejou na sinopse.
Vale lembrar que mais
dois debates serão apresentados. No dia 3/02 (O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA DE SAMBA
E AS TRADIÇÕES) e dia 10/02 (GERAÇÕES DOS BLOCOS DE RUA).
Veja Fotos do debate “O Papel Criativo do
Samba Enredo”
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