Carnaval

domingo, 26 de agosto de 2012

Marcelo Freixo cria polêmica no carnaval carioca

 




Candidato a prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), em entrevista ao RJTV 2º Edição, no dia 15 de agosto de 2012, criticou os enredos sem cunho cultural e sem citar o nome do GRES Acadêmicos do Salgueiro, exemplificou tais enredos dizendo que não faz sentido a prefeitura subvencionar um enredo sobre a Ilha de Caras. Esse é o enredo da escola tijucana para o próximo carnaval.
 
MARCELO FREIXO: "Que sentido faz a prefeitura financiar um enredo sobre a Ilha de Caras?”
 
O candidato propos novas regras para o desfile de escola de samba e criticou o modo como a LIESA vende os ingressos.
 
MARCELO FREIXO: “O Carnaval é cercado de polêmicas mesmo. Por que a venda tem de ser feita apenas com dinheiro vivo? Alguém explica?”.
 
No mesmo dia, Márcia Lage - uma das carnavalescas do Salgueiro - rebateu em sua página no Facebook as declarações feitas por Freixo, dizendo que o enredo sobre a Ilha de Caras não é nenhuma aberração.
 
MÁRCIA LAGE: "Muito desagradável a colocação do candidato FREIXO DE MÃO PUXADO, agora no RJTV. Ele se referiu ao enredo do Salgueiro como se fosse uma aberração! Fora uma série de baboseiras com respeito a enredos 'culturais' e 'dindim', sei não... Político tem que consertar é a 'zona' da política mas ao invés disso querem 'moralizar' o carnaval, já que a vitrine deles anda suja até os panos! No mais, carnaval é palco de transgressão e 'cultura' deveria estar preservada nas instituições de ensino, CADÊ-LAS???"
 
A presidente do Salgueiro, Regina Celi, fez um manifesto contra as declarações de Marcelo Freixo para apresentar a sua comunidade.
Segundo a assessoria de imprensa da agremiação, o documento, que se chama "Manifesto a Favor da Plena Liberdade de Expressão", pretende "lutar contra o dirigismo cultural no Carnaval do Rio".
 
Procurado pelo Jornal O Dia depois da polêmica, Marcelo Freixo disse que não haverá perseguição as escolas de samba e que a liberdade de enredos estará garantida caso seja eleito, mas que caberá a prefeitura decidir quais escolas receberá financiamento. O candidato voltou a cobrar respostas do presidente da LIESA, Jorge Castanheira sobre a venda dos ingressos.
 
MARCELO FREIXO: “Não há intervenção no Carnaval. Cada escola terá liberdade de apresentar o enredo que quiser. A prefeitura é que vai avaliar qual receberá subvenção de acordo com o enredo”.
 
 
Abaixo segue o Manifesto contra as declarações de Freixo aos enredos "sem contrapartida cultural”.
 
 
O Carnaval é um dos emblemas do Rio. Faz parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. Tem uma profunda inserção popular. É uma das expressões mais significativas da cultura carioca. Encanta e mobiliza milhões de pessoas todos os anos. É uma festa. É também uma atividade econômica e está presente na vida dos cariocas de todas as regiões há muito tempo. Constitui uma tradição.

Não por acaso, ao longo da história, em vários momentos, políticos tentaram cooptar, controlar e reprimir o Carnaval do Rio, visando apenas projetos partidários ou pessoais.
O Carnaval nasceu como uma forma de resistência (e afirmação) popular. E sobreviveu a todas as tentativas de cooptação, controle e repressão. Não foram poucas.
Mas o Carnaval do Rio está cada vez mais forte. Hoje impera no Carnaval do Rio a mais absoluta liberdade de expressão. O poder público não interfere no conteúdo dos enredos. Não determina o que as Escolas de Samba podem ou não expressar em seus desfiles.
A Prefeitura subsidia igualmente todas as agremiações em cada um dos Grupos e não impõe “contrapartidas culturais”.
Infelizmente há no horizonte uma ameaça potencial à plena liberdade de expressão no Carnaval do Rio. Um candidato a prefeito defende, em seu programa de governo e em entrevistas, que só devem receber recursos da Prefeitura as Escolas de Samba que
tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura. Para ele, as Escolas devem oferecer “contrapartidas culturais”.

Trata-se claramente de uma visão dirigista. Quem determinará se um enredo tem ou não “relevância cultural”? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão. Mais uma vez há uma tentativa de controle de uma manifestação cultural popular. Não podemos permitir que este pesadelo vire realidade, como ocorreu no passado.
A comunidade do Carnaval e do Samba está unida para defender seu direito de criar livremente. Repudiamos esta e qualquer outra tentativa de dirigismo cultural. A contrapartida de uma obra de arte é a própria obra de arte. As Escolas de Samba devem ter autonomia para escolher seus enredos. O apoio da Prefeitura é justo e necessário. Mas não pode ameaçar a liberdade de expressão.

Por tudo isso, não podemos deixar que queiram tirar do nosso carnaval o título, arduamente conquistado, de " Maior Espetáculo da Terra".


Sem comentários:

Enviar um comentário