Candidato a prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), em entrevista ao RJTV 2º Edição, no dia 15 de agosto de 2012, criticou os enredos sem cunho cultural e sem citar o nome do GRES Acadêmicos do Salgueiro, exemplificou tais enredos dizendo que não faz sentido a prefeitura subvencionar um enredo sobre a Ilha de Caras. Esse é o enredo da escola tijucana para o próximo carnaval.
MARCELO FREIXO: "Que sentido faz a prefeitura financiar um enredo sobre a Ilha de Caras?”
O candidato propos novas regras para o desfile de escola de samba e criticou o modo como a LIESA vende os ingressos.
MARCELO FREIXO: “O Carnaval é cercado de polêmicas mesmo. Por que a venda tem de ser feita apenas com dinheiro vivo? Alguém explica?”.
No mesmo dia, Márcia Lage - uma das carnavalescas do Salgueiro - rebateu em sua página no Facebook as declarações feitas por Freixo, dizendo que o enredo sobre a Ilha de Caras não é nenhuma aberração.
MÁRCIA LAGE: "Muito desagradável a colocação do candidato FREIXO DE MÃO PUXADO, agora no RJTV. Ele se referiu ao enredo do Salgueiro como se fosse uma aberração! Fora uma série de baboseiras com respeito a enredos 'culturais' e 'dindim', sei não... Político tem que consertar é a 'zona' da política mas ao invés disso querem 'moralizar' o carnaval, já que a vitrine deles anda suja até os panos! No mais, carnaval é palco de transgressão e 'cultura' deveria estar preservada nas instituições de ensino, CADÊ-LAS???"
A presidente do Salgueiro, Regina Celi, fez um manifesto contra as declarações de Marcelo Freixo para apresentar a sua comunidade.
Segundo a assessoria de imprensa da agremiação, o documento, que se chama "Manifesto a Favor da Plena Liberdade de Expressão", pretende "lutar contra o dirigismo cultural no Carnaval do Rio".
Procurado pelo Jornal O Dia depois da polêmica, Marcelo Freixo disse que não haverá perseguição as escolas de samba e que a liberdade de enredos estará garantida caso seja eleito, mas que caberá a prefeitura decidir quais escolas receberá financiamento. O candidato voltou a cobrar respostas do presidente da LIESA, Jorge Castanheira sobre a venda dos ingressos.
MARCELO FREIXO: “Não há intervenção no Carnaval. Cada escola terá liberdade de apresentar o enredo que quiser. A prefeitura é que vai avaliar qual receberá subvenção de acordo com o enredo”.
Abaixo segue o Manifesto contra as declarações de Freixo aos enredos "sem contrapartida cultural”.
O Carnaval é um dos emblemas do Rio. Faz parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. Tem uma profunda inserção popular. É uma das expressões mais significativas da cultura carioca. Encanta e mobiliza milhões de pessoas todos os anos. É uma festa. É também uma atividade econômica e está presente na vida dos cariocas de todas as regiões há muito tempo. Constitui uma tradição.
Não por acaso, ao longo da história, em vários momentos, políticos tentaram cooptar, controlar e reprimir o Carnaval do Rio, visando apenas projetos partidários ou pessoais.
Não por acaso, ao longo da história, em vários momentos, políticos tentaram cooptar, controlar e reprimir o Carnaval do Rio, visando apenas projetos partidários ou pessoais.
O Carnaval nasceu como uma forma de resistência (e afirmação) popular. E sobreviveu a todas as tentativas de cooptação, controle e repressão. Não foram poucas.
Mas o Carnaval do Rio está cada vez mais forte. Hoje impera no Carnaval do Rio a mais absoluta liberdade de expressão. O poder público não interfere no conteúdo dos enredos. Não determina o que as Escolas de Samba podem ou não expressar em seus desfiles.
A Prefeitura subsidia igualmente todas as agremiações em cada um dos Grupos e não impõe “contrapartidas culturais”.
Infelizmente há no horizonte uma ameaça potencial à plena liberdade de expressão no Carnaval do Rio. Um candidato a prefeito defende, em seu programa de governo e em entrevistas, que só devem receber recursos da Prefeitura as Escolas de Samba que
tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura. Para ele, as Escolas devem oferecer “contrapartidas culturais”.
Trata-se claramente de uma visão dirigista. Quem determinará se um enredo tem ou não “relevância cultural”? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão. Mais uma vez há uma tentativa de controle de uma manifestação cultural popular. Não podemos permitir que este pesadelo vire realidade, como ocorreu no passado.
tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura. Para ele, as Escolas devem oferecer “contrapartidas culturais”.
Trata-se claramente de uma visão dirigista. Quem determinará se um enredo tem ou não “relevância cultural”? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão. Mais uma vez há uma tentativa de controle de uma manifestação cultural popular. Não podemos permitir que este pesadelo vire realidade, como ocorreu no passado.
A comunidade do Carnaval e do Samba está unida para defender seu direito de criar livremente. Repudiamos esta e qualquer outra tentativa de dirigismo cultural. A contrapartida de uma obra de arte é a própria obra de arte. As Escolas de Samba devem ter autonomia para escolher seus enredos. O apoio da Prefeitura é justo e necessário. Mas não pode ameaçar a liberdade de expressão.
Por tudo isso, não podemos deixar que queiram tirar do nosso carnaval o título, arduamente conquistado, de " Maior Espetáculo da Terra".
Por tudo isso, não podemos deixar que queiram tirar do nosso carnaval o título, arduamente conquistado, de " Maior Espetáculo da Terra".