Carnaval

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sinopse do Porto da Pedra, carnaval 2011


Título: O sonho sempre vem pra quem sonhar


"Voar é com os pássaros
Sonhar é com a gente
porque eles têm asas
e nós temos a mente
que nos permite voar
de um jeito bem diferente
ir - sem sair do lugar -
ao futuro lá na frente
e além de ir, enfeitar,
construir e habitar
uma realidade inexistente
como se fosse real
o que é apenas sonho,
realmente."

- Sonhar parece coisa de gente que vive de fantasia, fora da realidade!

Quantas vezes já ouvi: Caia na real!

Mas hoje eu te proponho: Caia no sonho!

Sonhe acordado, com o impossível e o improvável.

Use a imaginação!

Conheci muitas pessoas que também sonhavam, mas não tiveram coragem de lutar pelo que acreditavam, e foram deixando que seus sonhos se esvaziassem. Sonhando sozinhas... desanimaram.

Sonharam o sonho dos outros, nunca foram protagonistas, somente figurantes.

"o sonho é a fotografia
de um tempo muito esperado
que dorme dentro da gente
sonhando ser acordado
... o sonho é a expressão
do nosso mundo sonhado"

- Sempre vivi num ambiente de sonhos. Que sorte!

Ainda menina, cresci cercada de finas companhias, com tantos sonhos quanto eu, só que maiores e mais importantes, sonhos de gente grande. Aníbal Machado, meu pai; Drummond, Cecília Meirelles, Eneida, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e muitos outros.

Que prazer senti em conhecer tanta gente diferente, inusitada!

Pareciam nem viver neste mundo...

Fez parte da minha essência: sonhar!

"(...) sonhos que viraram história (...) sonhos que nos enchem de esperança sonhos pra quando a gente crescer e sonhos de voltar a ser criança"

- Fiz do meu dia-a-dia sempre uma história diferente, pois queria ter a cada minuto um encontro com a liberdade e a fantasia, o sonho e a ilusão.

Ninguém me contava as histórias que queria ouvir, por isso criava as minhas.

Vivi a aventura de perseguir meus sonhos, ainda que para muitos esses sonhos fossem utopia, coisa de "gente doida", levei-os adiante, fazendo com que outras pessoas acreditassem neles e os tornassem realidade.

Transformei o natural em maravilhoso, a realidade em fantasia, um pedaço de pano e papel pintado em personagens vivos. Através dos bonecos consegui atingir a alma da criança e da "criança" que os grandes guardam dentro de si, fazendo-os crer no irreal, e viver dentro dele, tão próprio do espírito infantil.

Meu sonho: surpreender, divertir, encantar. "Tem sonhos de todos os tipos pra todos os gostos e agitos (...) sonhos que são mesmo da gente e sonhos emprestados (...) sonhos de crescer, de mudar o mundo e sonhos de ir viver bem distante deste mundo Sonhos de todas as cores, formas e tamanhos (...) e sonhos que todos podem sonhar
a qualquer hora do dia em qualquer tempo e lugar"

- Criança é um ser que acredita. Quando começa a deixar de acreditar finge que acredita. É o faz de conta. E fiz de conta tantas coisas! Misturei, inventei e reinventei de tudo. Já fui herói e bandido, já fui boa e fui má.

Já fui menino sonhador e até matei um dragão. Fui ladrão, roubei fórmulas, cebolinhas, receita e colar. Conversei com Deus e fui bicho que nem existe. Brinquei de bangue-bangue, fui artista de circo e viajei na corcunda do vento. Já tive medo de gente, conheci o mundo inteiro e tive a audácia de deixar um rei sem roupa.

Imaginei que fui fantasma, marinheiro, palhaço, músico, velha, detetive, jurado, juiz, xerife, bruxo, pirata e até cavalo. Fui tudo o que eu quis ser.

Inventei tanta coisa, até um teatro! Ah, o meu Tablado! Só não inventei que eu era escritora, porque isso... ah eu era!

"Há sonhos pra se sonhar sozinho
e sonhos pra se sonhar a dois
sonhos que muitos já sonharam antes
e que muitos sonharão depois
sonhos pra se sonhar em vida
e sonhos pra depois (...)"

- Criei meus sonhos principalmente porque quis mexer com a emoção e o inconsciente das pessoas. Procurei em cada um de nós aquilo que parecia e precisava, nos dar um motivo maior para viver. Ainda quero sonhar muito, sonhar alto e fazer sonhar. Sonho que as minhas histórias sejam sempre recontadas e reinventadas, pois a cada reinvenção, o meu sonho continua, e cada criança que a ouve, um dia cresça e conte aos seus filhos, para que estas histórias recomecem. Sonhou?

Maria Clara Machado,
reinventada por mim,
Paulo Menezes

*O texto em negrito é parte do poema Sonhos de autoria de Geraldo Eustáquio de Souza

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