Carnaval

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sinopse da Vila Isabel, carnaval 2011


Enredo: Mitos e histórias entrelaçadas pelos fios de cabelo

Os cabelos têm valores simbólicos. O universo teve começo, segundo a tradição indiana, através da tecedura dos cabelos de SHIVA é ainda, nessa mesma cultura, os cabelos soltos são características de divindades terríveis como VAYU, o vento, e também com Ganga, o rio Ganges, manifestação da divindade acima mencionada, que flui de sua coroa de cabelos emaranhados. Na China, os cabelos dispostos ao redor da cabeça representam o sol. E, também podem ser símbolos de sacrifício como T'ang, que ofereceu seus cabelos em sacrifício pelo seu povo. Assim, essa representações extrapolam o limite do ser humano, expandindo-se através do universo da simbologia cósmiza. Os índios Hopi do Arizona acreditavam que o corte do cabelo tinha que ser feito de maneira coletiva, durante as festas de solstício de inverno, para não perderem a força vital. O primeiro corte de cabelo do Príncipe Herdeiro dos Incas coincidia com o momento em que era desmamado ao completar dois anos de idade. No mesmo momento em que cortava o cabelo, recebia o nome, tornando-se uma pessoa, fato que acontecia numa grande festa coletiva. Um caso individual da força do cabelo é a história bíblica de Sansão e Dalila. Ao contrário das histórias relatadas nos dois parágrafos acima, Sansão perdeu os poderes quando lhe cortaram os cabelos. As tranças e os cabelos longuíssimos têm como simbolismo a submissão. A trança dos chineses, a das mulheres russas, e, até mesmo, a de Rapunzel da lenda de Grimm provam este fato. Porém, podem ser também símbolos de salvação como a de Lady Godiva, que se vestiu só com seus longos cabelos e livrou seu povo dos pesados impostos. As perucas foram adotadas por várias razões. Os egípcios, por exemplo, raspavam a cabeça por higiene e usavam perucas para se embelezar. Até mesmo as barbas dos faraós eram postiças. Cleópatra tinha todo tipo de jóias incrustadas nas suas perucas. Luís XIV, o Rei Sol, possuía também uma grande coleção, que era cuidadosamente tratada e cacheada. No afã de agradar ao Rei de França Luis XVI, as damas da corte se exibiam, cada qual, com apliques cada vez mais extraordinários. Alguns recebiam vasos para flores naturais, cheios d'água, outros pássaros voando recebiam vasos para flores naturais, cheios d'água, outros pássaros voando presos por fios de seda. Havia também aqueles com tendas militares e canhões, navios, mobília completa de sala e de quarto, jardins floridos, exemplos de algumas das decorações inventadas por essas damas, que a tudo se submetiam, muito bem empoados com farinha, que possivelmente fazia falta ao povo faminto. No Brasil, muito ouro de Minas foi desviado pelos cabelos fofos dos escravos e escravas, e era usado para pagamento de alforria dos negros, para seus adornos filigranados e para decoração das suas igrejas. No Rio de Janeiro do século XIX eram os escravos de ganho que exerciam as atividades de barbeiro e cabeleireiro. Também acumulavam as funções de vendedores de pentes e remendavam as meias de seda. Mais tarde, chegaram os cabeleireiros franceses para a alegria das damas de então. E, nos remetemos ainda à trança que abalou a Rua do Ouvidor, exposta em uma vitrine de loja de cabeleireiro. Ela foi muito admirada por sua extensão. Depois de muita especulação soube-se que era de uma mineira, que tinha fortes dores de cabeça, por usar essa trança de mais de dois metros de comprimento, e o médico a aconselhou a cortá-la, tendo assim curado a sua mazela. Mami Wata, figura mítica africana, possuía numa mesma cabeleira invejável, todos os tipos de cabelo: lisos, crespos, ondulados, carapinha, loiros, morenos e ruivos. A Vênus Romana inspirou as "Vênus" loiríssimas do século XX, como Marilyn Monroe. Mas, Lamartine Babo na sua sabedoria, democraticamente, exaltou as morenas, as mulatas, as ruivas, e as loirinhas, todas naturalmente com lindos cabelos escovados, tratados, brilhantes e vitaminados.

Carnavalesca: Rosa Magalhães
Autores do enredo: Rosa Magalhães e Alex Varela (Historiador)

Bibliografia:
CHEVALIER, Jean et alii. Cabelos. In: Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, pp. 154-157.
COHEN, Alberto ª. Ouvidor, a rua do Rio. Rio de Janeiro: AACohen, 2001.
JUNG, Carl G. O homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.
MACEDO, J. M. de. Memórias da rua do Ouvidor. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1988 [1ª ed. 1978]. Mami Wata. In: http: pt.wikipedia.org/wiki/Mami_Wata (Acessado no dia 21/07/2010). MARQUES, Silvia. A História do Penteado. São Paulo: Matrix, 2009.
ROUSSELOT, Bernard. Mythologies. Une Anthologie Illustré des Mythes et Légends du Monde. Paris: Éditions Grund, 2002.
GRIMM, Rapunzes. In: Os Mais Belos Contos de Grimm. São Pulo: Ciranda Cultural Ed, 2007.

Sinopse da Grande Rio, carnaval 2011


Y-JURERÊ MIRIM

A encantadora Ilha das Bruxas

(um conto de Cascaes)

A Grande Rio é sempre uma possibilidade, e dentro de todas as possibilidades, ela pode propor-te a conhecer um pedaço de Brasil, de gente bela, de cultura forte e folclore plural. Por tratar-se de um pedaço de terra cercado por água, outras coisas dela se acercam, como suas belezas naturais, e muitas lendas que refletem um Brasil lúdico, que aponta para o futuro com o interesse de levar adiante o que de mais valioso possui: a cultura popular de seu povo.

Bruxas, feiticeiras, lobisomens, sete cuias, boitatás e mapinguaris: Uma forte névoa se faz presente, e em pleno Atlântico Sul, logo abaixo ao trópico de Capricórnio, num arquipélago de visão paradisíaca encoberto de mistérios e lendas bruxólicas; entre mangues, dunas e lagoas cercadas por um intenso mar azul, repousa Y-JURERE MIRIM. Uma Ilha encantada de magia onde se fala o manezês.

Neste conto de Cascaes, ela é uma fascinante Ilha coberta de magia, recebendo, portanto, o nome de ILHA DAS BRUXAS. Porém, essas bruxas não são tão maléficas como as que habitam o imaginário coletivo, e sim, as que assustam apenas para proteger seus espaços, preservar sua terra, suas etnias, folclore e crendices.

A Grande Rio para o carnaval 2011, coberta de rezas e patuás, desvenda a história dessa ilha misteriosa que começa numa era chamada cambriana.

Nesse país onde se encontra o tal arquipélago, misteriosos habitantes do alto Amazonas descem em direção a essa ilha de magia mesclando-se a um povo já existente, chamado Carijós, remanescentes de uma presença humana registrada por sambaquis que datam de 4.800 anos a.C.

Há quem diga que o mar que cerca o arquipélago é povoado por Ondinas, seres das profundezas, e que, num passado, esse pedaço de terra, serviu de paragem e pousada para navegadores aventureiros, cientistas, piratas, náufragos e marinheiros infratores que, em suas retiradas deixaram para trás rastros de temores, misticismos e lendas de possibilidades de tesouros piratas tão possíveis e capazes de aguçar a curiosidade humana como a de uma embarcação pirata inglesa naufragada numa praia que recebeu seu nome (Praia dos Ingleses) ou até mesmo, de secretos caminhos conhecidos por guerreiros Avás (Guaranis) e que levariam a um Eldorado coberto de tesouros da mais pura prata, como também, a de uma grande fortuna em pérolas produzidas por ostras cravadas nas pedras e encostas da Ilha banhada pelo Atlântico.

Há uma força mística que faz atrair para essa parte do Atlântico, baleias e golfinhos, além de uma grande variedade de cardumes de peixes que, além de sustentar o povo da ilha, é motivo para festejos e agradecimentos a esse imenso e mágico mar azul.

Essa onda magnética que envolve essa ilha de encantamentos também exerceu atração sobre os povos de outras terras, cada qual, vindo para cá com suas razoes, metas, ou até mesmo, destinos retorcidos e alongados, como uma imensa e centenária figueira carregada de histórias bíblicas e estórias acontecidas em seu entorno transformando-a quase que como um totem envolvido em crendices e fé dos que habitam a ilha.

E a ilha então os abraçou como filhos da terra comungando com eles e os tornando também, herdeiros da nação Carijó, dos mitos e lendas do lugar.

"Vão-te daqui bruxas e boitatás".
E todos os seres que nos possam amedrontar.
Arreda, arreda as brumas que cobrem essa ilha de mistérios.
Pela cruz de São Simão, que te benza com a vela benta.
Na sexta-feira da paixão.
Treze raios tem o Sol, treze raios tem a Lua
"Salta demônio para o inferno que esta alma não é tua".
"Tosca, marosca, rabo de rosca".
Vassoura na tua mão
Aguilhão nos teus pés e relho na tua bunda.
Por baixo do telhado, São Pedro, São Paulo e São Fontista.
Por cima do telhado, São João Batista.
Bruxa, Tatara-bruxa,
Tu não me entres nessa casa, nem nesta comanda toda.
Por todos os santos, e pela Grande Rio
Amém!

Ao cair da noite, quando das datas dos festejos da ilha, uma ritualização se pode sentir na mágica tradição folclórica que habita a ilha protegida por feiticeiras, fadas rendeiras, bruxas e seres da mitologia ameríndia cantada por Cascaes. Uma ilha que vive um rico calendário entre o profano e o sacro, com procissões, danças e folguedos folclóricos numa pluralidade cultural onde os festejos em homenagem aos frutos provenientes do mar e da terra convivem com a alegria colorida e dançante do boi-de-mamão, cacumbis e as festas do Divino.

O cantador se põe a falar
Ò Matumba, ó querenga, erunganda
Òruganda, Ó matumba, Ó querenga
Moreninha vem brincar
Meu boi já está na rua, ele vem para mostrar
Revelo ser Florianópolis, o nome desse lugar
Ó Matumba, ó querenga, eruganda
Òruganda, Ó matumba, Ò querenga

Misteriosas e encantadoras paisagens cobrem a ilha de riquezas em sua fauna e flora exuberante. A extensão litorânea desvenda praias inexploradas, sendo a ilha das bruxas, um monumento natural do litoral sul brasileiro digna de ter sido, em seu passado, paragem e pousada para todos que por lá passaram, tornando-se real diante do que antes nos pareceu lenda ou conto. A hospitalidade é marca de um povo que soube mesclar-se tendo como principio o respeito mutuo de suas crenças e tradições.

Florianópolis possui uma marca romântica registrada nas fachadas de seu casario e azulejaria portuguesa, o desenho rico da renda de bilro, os "points" noturnos do mercado público municipal, a lagoa da Conceição onde a prática de esportes náuticos "fervem" no verão, as praias do litoral florianopolitano com suas ondas fortes e convidativas para as práticas de surf e esportes ligados aos ventos fortes, uma culinária rica e de sabor requintado, ou até mesmo, o simples peixe frito servido pelo "manézinho" local regado sempre com a presença mística das tradições e do passado da ilha.

E, terminado o mistério deste conto inspirado em Cascaes, a Grande Rio revela a Floripa de todos nós, que, com sua ponte "luz da independência", nos transportará para uma travessia lúdica, e agora, mais mágica do que nunca, ligando a folia momesca da ilha ao carnaval da cidade maravilhosa mostrando ao Brasil e ao mundo, toda essa beleza da ilha de magia e encantamento chamada Florianópolis.

Cahê Rodrigues

Carnavalesco.

Cahê Rodrigues e Lucas Pinto.

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